Ansiedade, Cronicas 24/25, silêncio

Suficiente

Eu ainda não entendi muito bem como a morte do Liam bateu em mim, não era fã da banda, não acompanhei a carreira solo, eu seguia umas páginas de fãs, mas era só isso. De alguma forma a morte me pegou de um jeito diferente do habitual e isso foi muito estranho, talvez eu esteja ficando velha demais para olhar para o mundo da mesma forma e dizer “tá tudo bem”.

Quanto mais eu curtia coisas sobre ele, mais apareciam, então mesmo que eu não soubesse nada sobre suas relações, amigos, ou do tempo de banda, agora eu literalmente estou inundada de informações que não me fazem bem.  

Eu sou uma pessoa que apesar de bem racional, consigo ser sensível à dor dos outros e perceber que esse rapaz se doava tanto e tinha tantas dores é algo complicado de assimilar. Meu pensamento mais irracional do dia foi: “Caraca, alguém podia ter aparecido, será que ele sabia que era tão amado?”

Dedico esse texto aos corações que sentem e se doam demais, que precisam gritar para serem ouvidos… vocês foram suficientes e necessários…


De repente tudo desabou, 

não houve um único aviso de que as paredes iriam ruir. 

Eu realmente queria receber um aviso sobre isso, foram tantos dias de paz, foram realmente bons, pude respirar sem engasgar com todos os meus pensamentos. 

Às vezes me pergunto o quão fraco eu fui, eu não corri quando percebi que tudo desabaria, eu não gritei alto suficiente por socorro, será que alguém realmente ouviu? Será que se ouvissem viriam me socorrer? Eu não sei, nada parece fazer sentido no momento, eu desabei junto com essas paredes e agora só posso esperar pelo fim. 

Não queria que o meu mundo fosse um grande álbum de fotografia, onde reviro as páginas e percebo mudanças em todos menos em mim. Eu passei a colecionar sorrisos, que não eram meus. 

Eu me importo demais, me importo com o tamanho dos sorrisos, com o aperto do abraço, com as palavras soltas, eu queria não ser egoísta, mas eu queria que houvessem feito o mesmo por mim. Queria saber gritar na direção certa, queria entender como o mundo funciona, queria não me sentir como me sinto, queria não ter confiado tanto e ter dito mais não do que sim, eu não me arrependo, eu tentei, eu acho que tentei…

Não acho que o mundo é justo, me desculpem mas não acho. Acho que eu vivi bons momentos com pessoas boas, durante um tempo as fazer sorrir me bastava para ter felicidade, mas depois passou a não ser suficiente, tudo parecia doer demais, fazer sorrir era tudo que me restava para ser visto. Ainda não sei se isso foi suficiente para ser lembrado, mas foi suficiente para me fazer dormir. 

Queria ter lido todos os livros da minha estante, ou ter ligado para todos que me falaram “eu te amo”, queria que a sensação de que tudo ficaria no lugar fosse verdadeira, mas ela durou tão pouco que me sinto preso dentro da minha cabeça, dentro de todas as expectativas que eu quebrei, não sei de devo me desculpar, não sei se me sinto culpado, eu não sei de nada.

Não entendo porque a paz não pode durar por mais tempo, por qual motivo tudo não pode ficar como era antes. Eu nunca fiz o suficiente para evitar que tudo desabasse, talvez eu realmente fosse fraco, talvez eu devesse parar de tentar ser suficiente, talvez eu devesse me conformar com tudo que o mundo me oferece, mesmo sendo tão pouco. Será que eu não mereço sorrir por conta própria? Será que tudo que me basta é tão pouco? 

Antes de tudo ruir eu senti o cheiro do cimento misturado a água e um vazio alcançou meu peito, era o início de tudo que eu nunca terminei. Eu detesto que tudo tenha que ser tão melancólico, mas eu realmente sinto falta de tudo que um dia eu fui. 

Mesmo quando me falam que eu continuo o mesmo, eu não acredito, não posso acreditar, o mundo mudou, as pessoas mudaram, nada ficou no lugar, incluindo meus pensamentos, meus sonhos e meus medos, tudo se intensificou. 

Eu queria alcançar a lua e conquistar o mundo, um dia eu realmente achei que isso seria possível, eu queria parar guerras e fazer lágrimas se transformarem em sorrisos, sério, pode parecer infantil, mas eu sempre quis ser lembrado por tudo que fiz, não importa se tudo desabar, mesmo não tendo conquistado planetas, alcançado a lua ou desarmado o mundo, pelo menos consegui secar algumas lágrimas. Isso agora parece bem pouco. 

Ouvi o primeiro “crec”, o segundo, e o terceiro, foi rápido, certeiro, tudo veio a baixo, senti que meu coração parou, ficou escuro, foi difícil respirar. Não me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu, mas toda vez que acontece parece que fica mais forte e mais difícil de levantar, sempre acho que vai ser a última vez. 

Quanto mais eu me afundava, mais eu desacreditava de mim mesmo e acreditava nas coisas que diziam sobre mim. Os sorrisos já não me bastavam, os abraços me faltavam e tudo que queria era me esconder; 

Eu não deveria estar aqui, não deveria sorrir ou me aproveitar desse lugar. 

Eu não queria ouvir, eu quero me desculpar por toda preocupação causada, pelas ligações não atendidas, por todo o silêncio causado, eu queria me desculpar por tudo que eu quis ser e não fui.

Eu não consigo acreditar quando dizem que sou bom, que sou realmente bom, porque tudo que ecoa, é que não sou suficiente. Eu constantemente me pergunto por qual motivo insisto. 

Quando tudo fica escuro, quando todas as paredes parecem pesadas demais eu me esforço para escutar, para procurar o mínimo sussurro de “eu te amo”, para sentir os abraços e enxergar os sorrisos, e isso me basta, não sei por quanto tempo, mas me basta. 

**Eu escrevi esse texto ouvindo One Direction, eu nunca ouvi de forma consciente essa banda…

Amor, Ansiedade, Crônica, Minhas Crônicas, silêncio

Ansiedade: Solidão

Gatilho: Crise de ansiedade.


ho’oponopono, sinto muito, me perdoe, te amo e sou grato

O amor é um Deus de palavras profanas, que embala nossos sonhos e acalenta nossos corações. – Juliana M.


Ele proferiu palavras mundanas e se desesperou com o que sentiu, o ar que se alojava em seu ventre o impedia de respirar, era um peso que o paralisava no lugar.

Suas mãos tremulas manchavam sua pele, elas tracejavam caminhos incertos, ele se sentiu incapaz de controlar qualquer ato de seu próprio corpo, os primeiros soluços vieram de forma sôfrega, mas não tinham a intensidade de quando o ar finalmente saiu.

Quando o ar fugiu por seus lábios, ele sentiu que trouxe junto toda a sua vida, seu mundo desabou ali naquele instante, ele nem ao menos controlou tudo que saiu de dentro de si, os soluços já não cabiam dentro dele.

Quis se manter de pé, mas no momento que tudo aquilo saiu de dentro de si, saiu também seu equilíbrio, ele foi ao chão e não conseguiu mais se reerguer. É difícil para uma pessoa adulta admitir que seu chão tinha ruído e que ele tinha desabado, mas esse era o fato.

Repentinamente tudo pareceu escurecer e ele que já se via tão sozinho, se sentiu ainda mais vazio. Não conseguia sentir nada além de uma dor intensa, que se fazia presente em todo seu corpo.

Então ele resolveu mentir, mas não tinha ninguém além dele para enganar, ele mentiu para si mesmo, “vai ficar tudo bem”, ele sabia que era mentira, mas mesmo assim repetiu incansavelmente na frustrante missão de fazer tudo aquilo passar.

Não tinha mais nada para sair, tudo que restou dentro dele era o silêncio, que fazia questão de ocupar cada espaço do seu corpo. Seu silêncio era pesaroso e cheio de rancor, ele era frustrante.

Ele deu tanto de si para todos e tudo que recebeu foi o silêncio como recompensa, o peso das palavras que ele nunca falou e de todas as que já ouviu, chegaram a sua garganta e mais uma vez seu peito se encheu de uma dor, uma dor pequena que estava guardada dentro de si e que se inflamou com o seu silêncio.

O silêncio era tão assustador que ironicamente se tornava ensurdecedor, ele sentia seu peito arder e quando menos percebeu o barulho ritmado de seu coração invadiu seus ouvidos, era ainda mais assustador, era uma batida sem ritmo que se atropelava e levava junto seu corpo já tão frágil.

Ele tentou se encolher em meio a toda aquela tempestade que ele havia se tornado, sentiu o vento frio mais uma vez invadindo seu corpo, era um vento tão forte que levava a cada sopro um pouco do que restava de sua existência.

Ele não queria desistir, mas ele se sentiu encharcado pela tempestade, seus pés não tinham força para se levantar, seu peito queimava, sua garganta ardia, não restava quase nada de si, mas ainda assim ele não queria ir, ele queria ficar e sentir cada parte de tudo aquilo que ele já havia sido, ele queria que pedissem para que ele ficasse.

Em meio a inconsciência que tomava conta de todo o seu ser, ele pediu para que ao menos uma pessoa em meio a tudo aquilo o entendesse, uma, só uma. Ele implorou em meio ao devastador silêncio que o engolia.

O tempo parecia perdurar por uma eternidade, estava cansado, cansado de tudo, cansado de todos os que diziam falsamente se importar, a mágoa a todo instante crescia em meio ao seu desespero.

Sentiu um toque frio lhe apertando os braços, usou a pouca força que lhe restava para tentar se desvencilhar, era como gelo, tão frio que queimava sua pele, ele se debatia tentando se afastar.

Sentiu-se ser agarrado de forma abrupta, o corpo estava imobilizado e tudo que ele sentia era dor, era sufocante e por instantes era como estar prestes a morrer afogado, era como se ele não conseguisse alcançar a borda, era desesperador.

Ele já não tinha forças, já não tinha mais noção de tempo, só sentia dor, ele desistiu, não se debateu, se rendeu ao silêncio. O aperto não diminuía pelo contrário aumentava, ele sentiu um leve acalento em seus cabelos, era quase como se o silêncio o ninasse finalmente.

De repente seu preciso silêncio teve-se invadido por uma ritmada combinação de palavras, achou que era sua mente tentando-o enganar novamente. Deixou-se enganar, seu peito inflamado começou a seguir o ritmo daquela combinação de palavras.

“Isso, devagar…”, ele começou a entender o que significavam as palavras, o toque ainda apertado continuava, mas não era frio como o gelo, agora era quente, e ele se encolheu ali, tentando a todo custo se esquentar.

Sentiu um leve toque em seu peito lhe ajudando a guiar seu ritmo, era um toque quente, ele se agarrou desesperadamente a aquilo.

“Eu estou aqui, tá tudo bem”, ele repetiu, ele repetiu internamente que não estava sozinho, ele queria que aquilo não fosse uma mentira e por isso chorou, chorou desesperadamente porque não acreditava mais nisso, ele se engasgou novamente e tudo que saiu de seus lábios era que aquilo era uma mentira, ele estava sozinho.

“Eu estou aqui, tá tudo bem”, a voz era insistente mas sua mente também era, tudo que sua voz já enfraquecida respondia era que era mentira, pois ele estava sozinho.

Em meio a todo aquele insistente diálogo ele ouviu aquilo que precisava ouvir “eu não vou sair daqui, porque eu te amo”. Então ele chorou, chorou sua tempestade caótica e se agarrou a aquela esperança de que ao menos um alguém havia se importado e o amado.

Crônica, Feminismo, Minhas Crônicas, Opinião, Sem categoria, silêncio, Violência

Procursu

fuga

Correu,

Caiu,

Desesperou-se,

Não olhou para trás enquanto fugia,

Correu mais um pouco, não se importou se o joelho estava ralado, se estava descalça, se tudo em si doía.

Atravessou a cidade aos gritos e mesmo assim ninguém a ouvia.

Seus gritos se tornaram silenciosos, suas dores passaram a não importar, era mais uma entre tantas e tantas na rua.

Correu, quando sentia que não valia mais apena correr,

Caiu e mesmo sem ter a onde se apoiar, insistiu em levantar.

Desesperou-se porque se viu sozinha no meio de uma rua desconhecida.

Esbarrou, empurrou, ninguém se importou,

Não houveram perguntas quanto ao seu desespero,

Não houveram respostas aos seus suplícios,

Não,

Não,

Não, era uma sequencias de negações que começavam nela e terminavam do outro lado de todas as ruas pelas quais passou.

Sorriu,

Sorriu entre as lágrimas que insistiam em cair,

Riu de si mesma por ter acreditado,

Se achou culpada por tudo que aconteceu,

Mentiu, mentiu para si mesma dizendo q estava tudo bem, “não estava”.