Amor, Cronicas 24/25

Amava?

Para todas as pessoas que já se viram presas em algo que chamavam de amor…

Quando a gente tava junto, você só vacilava, ah
E agora tá ligando essa hora pra dizer que me amava

Amava porra nenhuma, deixa de onda
Para com isso, não vai me enganar

(Dennis / Gabriel Cantini / Gabriel de Ângelo / Xamã)

Me chamou de “meu amor” no primeiro encontro. 

Falamos de tudo: dos planos, do passado, do presente e do futuro.

Talvez esse tenha sido o erro, te contei quem eu era, antes de realmente te conhecer.

Mas o que eu tinha a perder?

Você pediu para pagar a conta, e eu deixei. 

Escondeu algo no bolso e eu não reparei. 

Nos atrasamos no almoço, 

Trocamos telefones e salvamos nossos nomes.

Prometeu que tudo iria dar certo, eu acreditei.


Trocamos mensagens e declarações. 

Tudo era tão palpável que eu me apaixonei. 

Esperava ansiosamente por todos os plantões, corredores e escadas. 

Essa era minha certeza e mais nada. 


Era sábado…

Revirei a bolsa e encontrei  um papel, com uma declaração por escrito.

Botei o meu batom, salto alto e um vestido bonito. 

Mandei o horário e você não viu.

Te esperei para jantar e você não apareceu. 

Eu liguei, mas estava desligado.

Algo parecia muito errado.

Não vi que tudo aconteceu rápido demais. 

Eu não entendi os seus sinais. 


Sequei as minhas lágrimas e fui dormir, 

Acordei com uma mensagem avisando de um plantão. 

Alguma coisa me dizia que “não”.

Pediu desculpas, e eu não aceitei.

Você apareceu me trazendo flores.

Me pediu perdão e queria entrar,

Eu disse que não, você insistiu. 

Empurrei e você persistiu. 

O telefone caiu e você não viu.

Ele tocou e você não atendeu. 

No visor apareceu um “Meu Amor”, e esse “amor” não era eu. 

Descobri o que você escondia. 

Eu era o seu plantão, você mentia. 

Não tinha como ficar: gritei, te empurrei e me tranquei.


Mandei mensagem te chamando de covarde.

Te bloquei, apaguei todas as mensagens. 

Troquei o meu horário, mas não adiantou, no final daquele dia, você me encontrou.

Falou que era engano. 

Que já estava tudo acabado, que não tinha feito nada errado. 

E eu? Eu respirei, senti saudades e acreditei. 


Veio pra minha casa, deitou no meu sofá, disse que me amava e que iria ficar. 

Não me perguntou se eu estava disposta a te abrigar. 

Foi tudo tão abrupto que eu não conseguia acompanhar.

Um belo dia, limpou o meu batom, e eu estranhei. 

Depois disse que a roupa era curta, e tudo bem, tirei..

Me pediu o telefone, primeiro eu disse não, mas depois eu desbloquei…


Foi tudo muito rápido. 

Eu troquei minha roupa, 

não tomei minha bebida, 

comecei a escolher minhas palavras, descontava na comida, 

Não me reconhecia…

Mal percebi que havia algo muito errado, 

Será que estava me cansando de ficar do seu lado?

Emendei os plantões para não te encontrar, 

Dormia até mais tarde, para não conversar. 

Fiquei tentando entender onde tudo começou, o que aconteceu, o que desencaixou?


Tentei encontrar em você uma resposta. 

Eu não sabia o quanto de mim ainda restava.

O que sobraria de mim se você fosse embora.

Então não me fiz a pergunta que me entalava. 

Fiquei com medo de descobrir a resposta para o que me faltava. 

Apenas aceitei que era melhor te deixar ficar, enquanto eu me calava.

Afinal, já estava acostumada.


No meu aniversário você me fez promessas.

Eu não acreditei, mas ainda sim sorri, aceitei o presente, comi a comida e depois virei para o lado e fui dormir. 

Você me acordou no meio da noite, me beijou, e disse que me amava.

Pediu desculpas, por algo que eu nem lembrava. 

Começou a falar alto, enquanto também me culpava.

Nós brigamos, não foi a primeira vez. 

Me perguntei enquanto lavava o rosto e enxugava meu pranto: “O  que eu estava esperando?”

Você virou para o lado e voltou a dormir, eu fiquei acordada te xingando e querendo sumir.

 Quando você saiu eu me levantei, arrumei suas coisas.

Joguei as flores fora, queria ir embora.

Mas a casa era minha, você que caía fora.

Tirei os lençóis da cama, 

Deixei suas coisas na portaria, 

Troquei a fechadura, te avisei para não voltar. 

Mas você tentou, tentou insistentemente. 

Até que desistiu de tentar me convencer que me amava, que eu só o seu amor me bastava. 

Eu não sei o que me fez levantar, mas eu levantei. 

Vesti minha roupa, não troquei o meu horário, o meu andar ou o corredor.

Não desviei o meu olhar quando você passava.

Quanto mais eu te ignorava, mais eu me reencontrava.