
Em algumas línguas como o espanhol Saudade significa “Nostalgia de casa”, no nosso idioma, significa “um desejo melancólico e nostálgico por uma pessoa, lugar ou coisas, que estão longe, quer no espaço, quer no tempo”
Aos desconhecidos que sentem saudade, saudade de quem se ama e de quem um dia foi a sua casa…
De repente, não mais do que de repente, tudo fica silencioso e por mais barulhento que possa ser do lado de fora, aqui dentro, tudo parece que foi invadido por um turbilhão de emoções, consigo ouvir o ritmo frenético da batida do meu coração fora de ritmo, é algo que eu já deveria ter me acostumado, prendo a respiração de maneira não intencional, sinto meu olho inundar, a sede imediatamente me acomete, quero fugir, mas me sinto preso nessa imensidão que são meus sentimentos.
É como se tudo voltasse, menos você. Não entendo o motivo, já se passou tanto tempo, não entendo os gatilhos, na verdade eu não entendo nada, e tudo parece me afogar. A cada instante é como se eu tivesse mergulhado em um mar revolto e não conseguisse voltar para a superfície, sinto algo me puxar para baixo, sinto a água me invadindo, sinto a dor em meu peito.
Eu sou racional demais, mas ainda assim é dessa forma como me sinto, minhas mãos tremem, e eu me sinto desprotegido, não ouço ninguém porque parece que o silêncio se apoderou de mim, ninguém me ouve, ninguém me enxerga, me sinto ainda mais encolhido, eu não queria sentir, não eu não queria sentir…
Tudo que sinto nessa hora é saudade, saudade de te ouvir sussurrar que me amava, do seu abraço, de estar ao seu lado e de brincar de pique esconde até você me encontrar e me pôr em seus braços. Parece que eu sou uma criança esperando eternamente você me encontrar, esperando você chegar e me pedir desculpas por ter demorado demais…
Nesses dias eu sinto seu toque em meus ombros, como se você ainda estivesse aqui, aperto meus olhos, me encolho no primeiro apoio que encontro, me toco para te tocar, você não estava aqui, não tinha cheiro, não tinha abraço e tudo que restou foi um soluço abafado em meio a dor de não poder te ter novamente.
Eu sinto raiva, sinto vontade de gritar, o desespero me consome e se mistura a minha saudade é algo angustiante demais para lidar sozinho, é algo que eu não sei controlar, mordo meus lábios, aperto meus braços, estrangulo meu coração, a dor não passa, o ruído em meu ouvido também não, ainda é como se eu ouvisse sua voz ninando minhas angústias e me dizendo que tudo ficaria bem. Mas nada ficaria bem, você não está aqui.
Queria ter conversado mais, e não ter fugido dos seus abraços, queria ter atendido quando você me chamou, queria não sentir o que sinto, ter me despedido com calma e ter te agarrado para não ir, queria poder te ter todos os dias, principalmente nesses em que me sinto tão criança, quando preciso tanto do seu colo, quando tudo que quero é me esconder na sua cama.
Com você eu não tinha medo, eu não tinha saudade, não me faltava o ar para traduzir as palavras que tanto me prendem. A garganta sempre entalada pelo medo que me sufoca, a dor súbita me afoga, eu tento, você sabe que eu tento, mas às vezes eu não consigo.
Chove lá fora, o vento frio toca minha pele, sinto seu cheiro e tenho certeza que não é a última vez, me afundo ainda mais naquela parede, o choro vem forte, o medo de não conseguir finalmente transborda para fora, eu não tenho para onde ir, nem onde me esconder, eu sinto que quero ser forte, eu sinto que poderia ser forte, mas me falta força.
Se eu te pedir perdão será que você me escuta? Se eu te contar segredos, será que você me abraça? Eu quero te dizer como são os dias, como são os meus dias, nem todos são bons, mas eu faço o possível para conseguir levantar e me pôr de pé, mesmo sem você. Eu tento, você sabe que eu tento.
Eu tento me lembrar do seu sorriso, do seu toque e do seu apego, eu quero não te esquecer, não esquecer do que você me ensinou e do que eu te ensinei. As lágrimas caem com um pouco menos de força enquanto me lembro de você, enquanto me lembro de como você me abraçava para que eu permanecesse aqui, para que eu continuasse, você acreditou em mim quando nem eu mesmo acreditei, então eu tenho que continuar…




