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Armário bagunçado

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Para uma outra criança que encontrei por aí… talvez ela seja tão bruxa quanto eu.

Tudo era uma confusão.

Não sabia o que sentia, não entendia nada que acontecia, as vezes tudo que sabia era que a incerteza eram sua única certeza;

Não contava mais quantas vezes seu riso escapou ou quantas vezes suas lágrimas surgiam sem motivo aparente.

Não entendia como respirar podia ajudar, sentir a vida se esvaindo entre sua corrente respiratória nunca ajudou.

Era pesado sentir tudo aquilo entrando e saindo de dentro de si…

Contou todas as vezes que deixou cair algo importante enquanto respirava:

Deixou cair seu coração…

Deixou cair seu equilíbrio…

Deixou cair o que acreditava ser certo.

Tudo escapou naquele espaço tão pequeno que existia entre os sentimentos e o vazio.

Sentir…

Era bom sentir, sabia que vivia assim dessa forma: sentindo.

Era ruim sentir, era devastador não poder controlar o que sentia.

Tentou guardar tudo no armário, mas era muita coisa e quase nada cabia naquele espaço tão pequeno, as portas logo cederam e tudo desmoronou em cima de si.

O ar fugiu, e tudo ficou mais turvo do que costuma ser.

Se deparou com coisas que nem ousava pensar ter guardado, havia guardado realmente muita coisa.

Encontrou seus gritos escondidos no fundo do armário.

Encontrou as palavras carregadas de sentimentos que guardou por baixo de todas as tralhas desimportantes.

Encontrou as vozes, aquelas que queria esquecer, mas que não podia negar a existência, elas se multiplicavam.

Se culpou, afinal não soube guardas as coisas dentro do armário.

Se culpou porque quando olhavam para si viam aquela bagunça toda que escapava daquele espaço tão pequeno.

Se culpou porque supostamente sua bagunça havia respingado em outras pessoas.

Era estranho, complicado e inteiramente desconfortante.

Tudo que sentia era rápido e não podia controlar, não entendia muito bem como as outras pessoas escondiam tão bem tudo dentro de seus armários.

Não entendeu quando quis se enfiar por inteiro dentro daquele espaço tão pequeno e quebrado.

Respirar doía e ninguém deveria sentir dor enquanto respirava, mas nem sempre era assim.

As vezes respirar era bom, sentir todo aquele ar correndo dentro de si era confortante, era sinal de liberdade, de vida, de história.

Queria ser como o vento, livre, entrar e sair sem pedir licença.

Queria sair sem que perguntassem o motivo, queria sentir que era vida, que era a vida que existia nos outros e em si.

Queria sentir e saber o que sentir.

Preferia pontos finais á vírgulas, não gostava de criar continuação para nada, até gostava, mas se preocupada demais com tudo, pontos finais eram rápidos emergências e não precisavam de explicação.

Era difícil entender que tudo que sentia era seu, eram suas angustias, seus medos, suas alegrias e amores, tudo era seu e de mais ninguém.

Ninguém poderia engavetar o que sentia, ou guardar nos cantos do armário aquilo que não agradava por muito tempo.

Era difícil, era dolorido, era confuso, mas também era bom, afinal as vezes é bom no meio de toda aquela bagunça que desaba sobre nós descobrirmos que lá dentro também está guardado o que somos.

É bom nos reencontrarmos, redescobrirmos o que sentimos e entender ou desentender o que nos faz chorar e sorrir.

 

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“Não me toca, por favor não me toca”,

Têm dias que é difícil se concentrar no mundo, têm dias que é difícil se entender e entender o outro.

Teve dias que eu me perguntei como seriam aquelas crianças quando crescessem. Teve dias em que eu as reencontrei.

Por favor, não me toca.

Eu sei que parece estranho, mas isso me machuca.

Dói quando você me toca, quando se aproxima demais e quando me abraça assim tão apertado. Às vezes parece que está tudo queimando aqui dentro.

Eu queria ficar para sempre no seu abraço, mas isso me machuca, e eu nem sei explicar o que sinto, então eu só espero que seja rápido e que você entenda o quanto isso me machuca.

Eu não consigo explicar, eu não consigo entender, as vezes você me faz sentir em casa, mesmo quando eu não consigo entender o que é uma casa de verdade.

Às vezes eu não sei o que falar, e falo desordenadamente sobre qualquer assunto, mas é que poucas vezes alguém tenta me ouvir.

Às vezes eu troco de assunto sem nem perceber, eu não faço de propósito, é só que é difícil pensar tão rápido e não conseguir controlar o que surge na minha cabeça, eu não consigo me controlar, eu só queria seguir em um único caminho, mas vez ou outra me perco por tantos lugares que nem sei onde estou.

Às vezes eu preciso falar comigo e não gosto que me interrompam, não gosto que não entendam que essa é minha forma de me entender. Eu até tento agir naturalmente, mas nem sempre dá, tem dias que não dá para controlar e parece que tudo que acontece faz tudo ficar ainda mais complicado.

Às vezes eu não quero falar, mas não é que eu não tenha o que dizer, é só que eu não consigo falar. NÃO CONSIGO, por favor entende. Eu só quero ficar quieto, em silêncio, sem todo esse barulho que eu causo e sem todo esse barulho que me causam.

Eu não sei se você entende, ou quão estranho deva ser você para tentar me entender, mas tudo que eu queria era não ser eu e não sentir tudo que eu sinto.

Às vezes eu não sei o que fazer, é complicado ter tantas opções e não saber para onde ir. Tudo dentro de mim parece apertar, minha cabeça fica tão bagunçada que as palavras somem e eu não consigo entender para onde vou.

Eu não gosto de aglomerações, não gosto quando tudo que tenho que fazer é conviver com um monte de gente que não fala comigo, que não me conhece, que encosta em mim sem me avisa, isso faz meu coração acelerar, eu fico atônito tentando fugir, minha garganta arde, meu corpo queima. Parece que tá todo mundo olhando para mim, eu não gosto de ser o centro de toda a atenção.

Tem dias que eu não sei o que sinto por você, não sei se gosto ou não de você, não gosto de como você insiste em ficar perto de mim, não gosto de gostar de ficar perto de você.

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Mentiras sobre “nós”

173/366 - Abseits / Offside
Disponível em pxhere

 

Atenção: esse texto contém menção a depressão, abuso e suicídio. Se achar que isso pode ser um gatilho, por favor não continue essa leitura.

Nó: Enlaçamento de fios, de linhas, de cordas, de cordões, fazendo com que suas extremidades passem uma pela outra, amarrando-as. [Figurado] Vínculo; ligação estreita entre pessoas por afeição ou parentesco. [plural] nós.

Nós:Pessoa que fala e mais uma ou várias;

Dicionário: dicio

Quando a criança falou, eles não ouviram;

Quando tropeçou enquanto tentava fugir, ninguém estava na sua frente para frear seus passos;

Quando disse “não”, ninguém desconfiou que era medo.

Quando disse “sim”, ninguém percebeu que ele gritava por dentro dizendo não.

Fugiu, ninguém percebeu;

Gritou, falaram que era birra, “coisa de criança”;

Seu corpo não parava quieto, mas “era o efeito da hiperatividade”;

Roeu as unhas, puxou os cabelos, mordeu os lábios, “era de ansiedade”;

Cresceu, e quanto mais crescia mais remédios de nomes complicados conhecia;

Não gostava de chorar, de falar, de respirar, “o nomearam como depressivo”;

Não queria engolir a comida, já engolia muitas palavras enquanto diziam ser só mais “alguns de seus delírios”.

Se retraía, tentou se esconder, encolheu seu corpo e tremeu, “não suportou tudo que teve que segurar”. Não estava frio, mas tremeu.

Chorou como chorava quando era criança, não adiantou, ninguém veio em seu socorro, tudo continuava no mesmo lugar, a cama, o chão, as paredes, e os gritos que com o tempo aprendeu a conter.

No fim de tudo, nada restou, as lágrimas caiam, e a dor que o dilacerava era mais cortante que o objeto que ele usou para dar fim a tudo.

Não se despediu, não disse “eu te amo”, não mandou sinais de aviso. Ele apenas foi, foi ser livre enquanto deixava suas verdades finalmente saírem e como se não se importasse se iriam ou não acreditar nelas depois de tanto tempo. Ele apenas foi, sem se importar com tudo que podiam dizer.

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Carolina Maria de Jesus – Diário de uma Favelada

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Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977), foi mais uma das escritoras que conheci durante minha graduação, especificamente durante uma disciplina que estudava a relação de identidade e diários. É estranho tentar entender como uma das escritoras mais importantes de nossa história, reconhecida mundialmente, só me foi apresentada na graduação, no auge dos meus vinte e poucos anos.

Quarto de despejo se tornou o livro que a fez ser conhecida, as palavras que juntas compõe esse livro, se tornam importantes para podermos entender a sociedade da década de 50, pela perspectiva de Carolina, uma catadora de lixo, mulher negra, periférica e mãe solteira, que dia a dia matava seus leões dentro e fora das vielas paulistana.

Sofreu violência de gênero, social e racial, suas linhas não nos fazem sorrir, não nos iludem, são duras, é a realidade e não a fantasia, não teve bolo de aniversário na festa de sua filha, porque não se tinha dinheiro nem para o pão.

Carolina retratou em seu diário muito mais do que ela imaginou, escreveu como quem conta um segredo a um amigo, confessou suas angustias diante a fome de seus filhos e os julgamentos de seus vizinhos, ela questionou, não se calou e gritou para que a ouvissem.

Não queria se submeter a homem algum, era mãe solteira, foi mãe de filhos que nem eram seus para os proteger dos julgamentos que ela tão bem conhecia, se preocupou quando eles demoravam a voltar, abraçou apertado, tão apertado que quase se tornou possível deslumbrar do momento enquanto se lia.

Quarto de despejo foge dos padrões da nossa literatura, ou melhor foge dos padrões da nossa norma culta da linguagem, sua protagonista é negra, pobre e desbocada, trabalhava de sol a sol e lutava para que sua vida não se resumisse a sua casa de madeira, Carolina não era só escritora também era uma leitora que também lia o mundo.

Literatura Marginal, é assim que se chama essa escrita, livre das tradicionais amarras que costumamos ser apresentados na escola, a forma como falamos e escrevemos também é motivo de exclusão, a normatização da linguagem é um instrumento de dominação, onde só se valida o que uma pessoa fala se “sua fala” condizer com as regras de linguagem. Normatizar a linguagem, é excluir outras formas de expressão, outras culturas.

Estudei em escola pública durante minha vida inteira, salvo na educação infantil, eu sei a importância que a literatura de Carolina tem para alunos periféricos assim como tem para mim. Carolina escrevia sobre a sua vida, seus dilemas, sobre mais de cinquenta décadas atrás, quando o Brasil começa a se desenvolver economicamente, e ainda assim nós encontramos tantas semelhanças.

Carolina não se resumiu a quarto de despejo, que era bem mais do que sua casa de madeira, quarto de despejo era a cidade de São Paulo, a sociedade que a excluía de todas as formas possíveis, como se gritasse a todo instante que o lugar dela e de seus filhos não fosse no asfalto.

Quarto de despejo não foi seu único livro, na verdade foi seu diário, antes dele ela havia tentado publicar crônicas e poemas, mas só com seu diário, que ela passou a ser notada e justamente pelo motivo que era excluída. Apesar do livro de rendido bem, Carolina viu pouco desse dinheiro, na verdade ela viu o suficiente para que saísse da favela e fosse morar em um pequeno sítio na periferia de São Paulo.

Outros Livros:

Casa de Alvenaria (1961), Pedaços de Fome (1963), Provérbios (1963). O volume Diário de Bitita (1982) (Publicação Póstuma).

Links Literalmente Legais (L³):

Documentário

Conversa com Bial

Literafro

QUARTO DE DESPEJO – MANIFESTAÇÃO DO DISCURSO FEMININO NA
LITERATURA BRASILEIRA

Recomendação de Leitura: Preconceito Linguístico de Marcos Bagno

 

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Pequeno Viajante

Gostaria de compartilhar mais um texto que fiz para mais um dos meus amigos. Uma mesma palavra pode ser usada de muitas formas….

arvoresabedoria
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Um dia conheci um menino meio perdido por esse mundo…

Pequeno,

Ele era pequeno na forma de agir,

tinha um sorriso gigante mas que quase ninguém via,

mãos curiosas que viviam agindo escondido,

passos tão curtos quanto os de um idoso.

Seus olhos pequenos eram atentos aos pequenos detalhes.

Suas palavras eram curtas e seus silêncios longos;

As vezes ele se perdia,

se perdia no tempo,

se perdia nos lugares,

se perdia até dele mesmo,

as vezes ele se encontrava em meio a uma bagunça que ele nem lembrava ter feito.

As vezes ele arrumava a bagunça,

outras tantas não…

ele precisava da bagunça para poder viajar…

Ele gostava de viagens longas e intermináveis;

Seus lugares preferidos não estavam no mapa,

eram lugares tão secretos, mas tão secretos, que as vezes ele esquecia de como se chegava lá,

as vezes ele lembrava: tudo que precisava era se perder nas entrelinhas do silêncio.

Ele se perdia,

se perdia

e se perdia,

era naquele silêncio tão barulhento que suas aventuras aconteciam,

derrotar vilões, salvar pessoas, invadir planetas,…

eram aventuras tão mágicas que ele se esforçava ao máximo para não esquecer,

as vezes ele esquecia, e aí ele tinha que viajar novamente,

talvez por isso ele goste tanto de colecionar lugares inesperados:

ilhas perdidas,

países nunca descobertos,

planetas fora do sistema solar,

abraços intergalácticos.

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Barulhento e silencioso

Escute-o-silêncio

Acho que eu me envolvo muito com as pessoas, tenho certeza disso. Escrevi isso pensando em como um dos meus novos amigos estava se sentindo, é uma daquelas coisas que não sabemos como escrevemos, mas sabemos sentir em cada abraço silencioso e apertado em meio aos soluços…

Tudo dói, o silêncio, a angustia, a vontade, tudo.

Já faz um tempo que eu não sei explicar essa dor e o motivo dela residir em mim, tudo dói e parece que vai sempre doer.

Nada faz sentido, não sei se estou lento demais ou se o tempo passou a se arrastar, só sei que cada um daqueles minutos parecem horas. As unidades de medidas medem o tempo que essa dor mora em mim. Eu queria que elas não medissem nada.

Eu queria gritar de dor, mas minha voz não sai, eu tento não ouvir, mas parece impossível, preferia o silêncio eterno a sentir cada uma daquelas palavras dentro de mim, elas doem.

A dor é parecida com aquela dor de quando nos perdemos no meio da chuva na infância, ficamos sozinhos, os trovões parecem bombas e nos deixam ainda mais indefesos do que já estamos.

O som ecoado pelo trovão com tempo, pouco tempo, vai deixando a distorção, palavras conhecidas vão surgindo, tudo é tão barulhento em meio ao vazio.

Parece que a cada segundo fica mais e mais escuro, tudo parece ser tão longe, e não se vê nada, só se ouve cada som ecoando em meio ao vazio em meio ao meu silêncio.

 

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Muito pouco, (IN)sanidade.

loucuraa

Pronto

Agora que voltou tudo ao normal

Talvez você consiga ser menos rei

E um pouco mais real

 (Muito pouco, Moska)

Olhou…, não reconheceu aquele espaço, era tudo tão igual a antes, mas ainda assim tão diferente, como não percebeu que tudo mudou?

Seus sonhos não estavam no lugar certo, estavam todos encaixotados, empoleirados, deixados de lado no canto de um quarto empoeirado.

Andou por todos os cantos, mas nenhum canto era o seu. Olhou-se no espelho e não se reconheceu, as roupas, o cabelo, o tênis, era o seu corpo, mas não era ele. Escorregou os dedos no espelho e sentiu o toque gelado, não havia diferença no reflexo e em si. Quando ficou assim?

Afastou a mão e levou ao rosto, não sentiu o habitual sorriso, nem se lembrava quando aquele canto dos lábios deixou de abrigar sua alegria.

Viver tá me deixando louco

Não sei mais do que sou capaz

Gritando pra não ficar rouco

Em guerra lutando por paz

Seus pés não estavam descalços mais ainda assim doíam como se estivesse andando a horas em círculos, era tudo sempre igual, deslizou-se por qualquer parede, respirou fundo e se sufocou com as lembranças.

A música que tocava era a mesma de ontem, e de todos os dias anteriores, era um disco repetido que o lembrava que o condenaram por não seguir a um mesmo ritmo, por não andar na linha, por não seguir à realidade dos fatos.

Era tudo tão chato, era sempre mais do mesmo. Era insuportável ver a mesma paisagem da janela, ter seus passos milimetricamente controlados, se sufocar dentro da roupa e de si mesmo. O suspiro sobrepôs à música, foi alto e desesperador, era um grito sem palavras que ecoou por todos os cantos.

Fechar os olhos não adiantava, ele não esqueceria, mas não reconhecia aquela certeza que tantos tinham como absoluta.

Pesos e medidas não servem

Pra ninguém poder nos comparar

Porque

Eu não pertenço ao mesmo lugar

Viver…, quando viver passou a ser sinônimo de “não viver”? Seus dias eram eternas tempestades, tropeçava nos próprios pés, eram os mesmos gostos, os mesmos caminhos, e aquilo, aquilo não bastava.

Era tudo tão cinza, uma eterna neblina que escondia tudo inclusive a si.

Sentiu saudades dos seus sonhos e abriu uma das caixas, eram tantos, lembrava-se de quando eles transbordavam de dentro de si e inundavam o mundo. Respirou fundo, sentiu todo aquele aroma de liberdade, quando havia se contentado em aprisionar seus sonhos?

Mal percebeu quando suas mãos rasgaram cada uma das caixas, o perfume da liberdade inundava a casa, as roupas estavam o sufocando, ele não era o mesmo, preferia transbordar a se conter.

Deixou-se transbordar enquanto respirava cada sonho, cada lembrança, cada parte daquela realidade particular, que criou para sobreviver dentro da “verdadeira” realidade tão insana.

E muito pra mim é tão pouco

E pouco é um pouco demais

Viver tá me deixando louco

Não sei mais do que sou capaz

  • Música utilizada
  • Muito Pouco – Paulinho Moska
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Corpos sem Rima….

As mãos trafegam o corpo,

Na pele, nas curvas, no leito suspiros,

O desejo entre os arranhões e gemidos,

Apertou o lençol, arqueou-se, mordeu os lábios,

Suspirou mais de uma vez enquanto encarava o corpo marcados por si,

O beijou,

Se beijaram, entre os gemidos e as confissões do acaso,

Era só prazer e por isso era intenso,

Era casual,

Eram dois e não um.

O compromisso ficou do lado de fora, junto com os problemas e as desavenças, lá dentro só cabia os dois corpos e a intensidade entre eles.

O cheiro de sexo,

A inexistência da obrigação, a existência do acaso, do único, das pernas, das suas pernas em outra cintura que não a conhecida.

A bagunça dos lençóis que quase inexistiam na cama.

A cor inexistente dos pares de olhos inexplicavelmente fechados, para não guardar as memórias,

Para não criar desejos, para não desejar histórias, para as histórias não serem lidas novamente.

Mas era ilusório, a ilusão era prazerosa…

Suspiraram,

Desejaram,

Odiaram a colocação necessária de seus corpos naquele ambiente tão pequeno.

Uma das mãos derrubou a lata de cerveja e a ilusão de que não estavam sóbrios.

Estavam cientes, sóbrios e queriam.

A nicotina trafegou mais do que os lábios, desceu pelos seios, e chegou no ventre, entre os suspiros e as lembranças surgiu o aperto nos cabelos curtos que mal cabiam entre seus dedos, se confundiu entre o prazer e a culpa.

Culpou-se no momento em que se sentiu livre, seus dedos apertaram-se, e os gemidos saiam, a culpa voltava, mas era tão momentânea quanto a fumaça do cigarro, só restou o aroma.

Puxou o rosto para si e provou seu próprio gosto enquanto encarava os olhos que agora sabia que teria que se despedir, antes do banho frio, dos sonhos furtivos, ou dos famosos “até a próxima”, ela saiu.

Saiu sem deixar nome, endereço ou telefone, apenas deixou seu cheiro entre a bagunça do quarto e os travesseiros jogados no chão.

Saiu deixando tudo que não queria deixar, lembranças…

 

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Pena & Tinta : Tão opostos e tão iguais.

passaros
imagem retirada do Pinterest, não consegui achar autor. ;(

Cartas de amor devem ter saído de moda, mas eu não fui comunicada formalmente a respeito disso, me apaixonei, mais vezes tentando te odiar, do que eu poderia imaginar, na verdade eu me assusto quando escrevo isso, e leio em voz alta.

Te conheci enquanto amarrava meu tênis e me preparava para cobrar uma falta, na aula de educação física, ainda não acredito que os meninos iriam realmente te chamar para entrar no meu lugar, ok, eu já superei isso, (mentira, não superei! Machistas) mas você não aceitou, preferiu continuar lendo aquele seu livro de histórias fantásticas, affs, te achei um tanto quanto “metido”.

Pensando bem você realmente era metido, exibido e estranho, aquele cabelo arrumadinho, aquele tênis completamente branco, aquela calça jeans limpa… Que tipo de adolescente era você? Com toda certeza alguém bem estranho, estranho o suficiente para no primeiro trabalho em grupo a turma inteira te odiar. “Eu não vou fazer com ninguém professora, vou fazer sozinho, eu sou capaz”. É…, naquele dia você conseguiu a antipatia de bastante gente.

Não preciso te lembrar que no final do dia, você precisou correr bastante antes de levar o primeiro soco, e cair de cara na lama. Demorei muito para ir te ajudar, fiquei meio estática quando percebi que os meninos estavam gritando palavras ofensivas na sua direção, o professor de Educação Física foi bem mais rápido do que eu, e te tirou do meio daquilo tudo, enquanto anotava o nome de cada um dos agressores.

Na última semana antes de fecharmos o bimestre você simplesmente sumiu, achamos que você tinha finalmente desistido, mas que tipo de adolescente desiste de algo e os pais não ligam? Essa hipótese foi quebrada quando a coordenadora recebeu uma ligação do seu pai, avisando que você estava doente. Duas semanas depois você apareceu com o braço quebrado.

No dia que você esqueceu seu caderno, e saiu sem nem olhar para trás, eu te segui, e para minha total surpresa, você não percebeu, lá estava você desajeitadamente entrando naquela academia de dança. Balé, quem diria o “senhor arrogante” fazia balé, não preciso dizer a quantidade de pensamentos que surgiam na minha mente né?

Fui homofóbica e o fato de ser adolescente não era desculpa para isso, muito menos para tirar a foto que eu tirei de você, enquanto fazia algo complexo na ponta dos pés, acho que nunca poderei falar o nome daqueles passos. Também acho que nunca serei capaz de realiza-los, lembro que tentei te imitar enquanto te observava.

No fim daquele dia não enviei a foto, não criei perfil falso, não fiz nada a não ser te olhar e imaginar como alguém tão idiota conseguia fazer algo tão lindo, é eu achava, eu ainda acho balé algo intenso e lindo, naquele instante eu só pensei que talvez fosse bom tentar te entender um pouco.

Te devolvi o caderno, e você não me agradeceu, sugeri fazermos o trabalho junto e você simplesmente continuou andando, quando já estava quase perdendo a paciência nossa professora de história resolveu que todos deveríamos fazer os trabalhos em grupo, ninguém queria fazer com você, e você não queria tirar zero.

Fazer um trabalho de ensino médio nunca tinha sido tão difícil, livros, livros, livros?????? Com tanta coisa na internet, como aquela professora pode nos mandar pesquisar na biblioteca da escola, você não falava muito, você não falava nada, apenas copiamos algumas coisas, tiramos algumas xerox e só.

No fim daquela semana já tínhamos feito tudo, era sexta, não nos despedimos, mas você foi embora, chutou as pedras pelo meio do caminho e se perdeu entre as ruas. Eu sabia para onde você ia.

Durante todo aquele ano eu fui a sua única parceira de grupo, o que me causou sérios problemas, era representante de turma e tecnicamente eu havia abandonado meu grupo de trabalho para te ajudar, e não estava recebendo nem bom dia, adolescentes são vingativos, um dia resolvi que não queria mas tentar te ajudar, não queria mais ser do seu “grupo”. Foi a pior coisa que eu fiz admito.

Lá estava você quietinho demais, disperso, fingindo ler aquele livro, aquele maldito casaco escondia quase toda a sua mão, eu não deveria me preocupar, mas estava calor demais e você parecia não ligar para as “zoações” que ocorriam no seu entorno, aquelas brincadeirinhas nada inocentes já estavam cansando, eu não via mais graça. Eu te segui naquele dia, fiquei preocupada, você estava estranho, tinha sobrado nos grupos e eu me senti culpada.

Você havia entrado em uma lanchonete, limpou os olhos e eu estranhei, você estava chorando, hoje eu me pergunto qual o problema? Homens choram… Uma moça bagunçou os seus cabelos enquanto dava um leve beijinho em seu rosto secando suas lágrimas, algo aqui dentro do meu coração ficou bem espremido, sabe o que eu pensei naquele momento? “Ele curte meninas????” Como eu era idiota, me desculpe, deveria ter me perguntado o motivo das suas lágrimas.

Um dia eu apareci naquela lanchonete, você me encarou surpreso, mas não falou comigo, eu também não falei com você. Dias se passaram até você finalmente se sentar ao meu lado e perdurar o silêncio por minutos que mais pareciam horas, enquanto eu bebia o suco de laranja.

“Você pode fazer o trabalho de matemática comigo?”, te encarei durante muitos instantes, sem nenhum por favor, “claro que não”, você se levantou e foi se embora. Eu deveria ter perguntado o motivo de você ter quebrado aquele seu orgulho idiota, mas não fiz, outro maldito erro. Você ficou de recuperação em matemática, você não tinha problemas com números quando eu te conheci, eu não conseguia entender como aquilo era possível.

As férias de dezembro logo chegaram, soube que você tinha passado de ano com média cinco, passou, viajei e só voltei em janeiro, quando fui naquela lanchonete você não trabalhava mais lá, não frequentava as aulas de balé e eu não entendi como você tinha evaporado dessa forma, talvez tivesse viajado, eu desejei que só fosse uma viajem.

A primeira semana finalmente aconteceu, mas você só apareceu duas semanas depois, estava com o braço enfaixado, com olheiras, e andava devagar, jogou suas coisas na cadeira do fundo, aquela que ficava perto da parede, tombou sua cabeça ali, a professora suspirou quando você não respondeu, alguns deram leves risinhos, outros cochicharam, mas estávamos no terceiro ano e bem…, no terceiro já somos meio-adultos, alguns não acharam graça e se preocuparam com você, eu me preocupei.

Você era uma figura estranha, nunca pensei ver você perdendo a cabeça e socando alguém, também nunca pensei te ver fumando, mas lá estava você fazendo tudo aquilo que esperavam que você fizesse…

Quando suas notas baixas no primeiro bimestre surgiram e você passou a não responder os professores, comecei a perceber que eu deveria ter feito aquele trabalho de matemática com você. Pela terceira vez te segui, você não foi para lugar algum especificamente, só sentou no chão de uma rua qualquer, enquanto a chuva caia e se misturava com suas lágrimas, é meninos choram, eu já tinha aprendido isso. Me sentei ao seu lado e você me ignorou, não percebi quando comecei a soluçar, mas que droga eu tinha me apaixonado por você!

“QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA” – Foi essa a primeira frase que eu troquei com você em meses, você me ignorou e eu te bati, foi um soco forte que fez você fechar os olhos.

“O MEU PROBLEMA SÃO OS SERES HUMANOS” – Como assim seres humanos? Fiquei parada tentando entender aquilo, mas você não continuou, se levantou e eu te segui, você me deixou te seguir enquanto fumava mais um dos seus cigarros, entrou naquela casa e bateu a porta na minha cara. No dia seguinte você não foi, nem no outro dia, no terceiro dia eu bati na sua porta, seu pai falou que você estava doente.

Quando finalmente apareceu eu me sentei ao seu lado, estava decidida a não me livrar de você. Mas que DROGA, você nem falava nada, mas por algum motivo você tinha voltado a fazer os trabalhos.

“Eu te vi no dia que tirou aquela foto na academia”, eu te encarei surpresa, você não me olhava estava observando alguma coisa mais interessante em algum outro canto, “minha mãe fazia balé, eu me sinto perto dela quando danço”. Eu não entendi, ainda não entendo, os motivos de você finalmente ter começado a falar…

Quando eu conheci seu pai achei que ele era quem te deixava daquele jeito, machucado. Não, não era seu pai, e eu descobri isso quando você surtou enquanto fazíamos um trabalho de geografia, lembra? Você se cortou na minha frente, eu me desesperei, eu gritei com você, segurei seus braços e te beijei, você desmaiou, eu entendi o motivo das camisas grandes, eu não duvidava que tivessem mais daqueles cortes espalhados. Você não me encarou por dias, eu também não tinha te encarado. Droga eu realmente gostava de você, mas não da forma como você gostava de mim.

Apaguei aquela foto do meu celular quase que ao mesmo tempo que seu pai me ligou pedindo para conversarmos, seu pai sim era um cara engraçado, ele nem sabia como começar aquela maldita conversa, sua mãe tinha morrido, você se mudado para morar com ele, trocou de escola, teve que abandonar o namorado, finalmente eu tinha descoberto que você era gay, finalmente eu tinha descoberto sua história, sua depressão e sua tendência autodestrutiva.

Eu também era meio autodestrutiva naquela época, engoli minhas lágrimas enquanto te encarava brincando com uma caixa de música na cama, eu estava decidida a não te deixar sofrer, me sentei ao seu lado, respirei fundo enquanto vi você se sentar e abaixar os olhos me perguntando se eu sabia, o silêncio era tão ensurdecedor que eu quase me perdi enquanto meu corpo me empurrava na sua direção, te abracei e foi nosso primeiro abraço debulhado em lágrimas. Droga eu te amava, e isso estava me destruindo.

Nos tornamos amigos finalmente, era final de ano, vestibular, provas finais, decidir o que fazer durante boa parte da vida era algo tão complexo que tudo que eu pensei foi “não quero fazer nada, quero fazer de tudo”, minha primeira opção foi uma universidade longe de casa, liberdade finalmente, trote, professores malucos, solidão. Passamos pelas mesmas coisas em locais diferentes, não estudávamos mais juntos, mas você parecia melhor, eu não me preocupei, seu pai também não, mas estávamos errados, nenhum de nós notou suas olheiras voltando a surgir, ou suas palavras sumindo em meio as frases. Droga eu era sua amiga, eu te amava, como deixei isso acontecer.

Naquele dia você simplesmente não ligou avisando que chegaria mais tarde, tinha sumido, comunicamos a polícia, dias depois você apareceu, estava um caco, não queria falar, tivemos que te dopar para que cuidassem de você. Você só ficava dopado, mas um dia, um determinado dia você simplesmente se cansou.

Eu realmente deveria não ter te amado, talvez se eu tivesse te amado menos eu tivesse percebido toda aquela dor disfarçada de sorrisos pequenos, eu ainda penso em você toda vez que abro aquela caixa de música, ainda penso em você enquanto ouço alguma música clássica e ainda penso em você quando percebo que eu poderia ter amenizado a sua dor.

Brincadeiras machucam, arrancam sangue, cansam… Eu entendo o motivo de naquele dia você me dizer que o seu problema eram os “seres humanos”, acho que no fundo esse é um problema de todos. DROGA eu ainda te amo…

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Esse texto faz parte do Pena & Tinta, um projeto de escrita criativa que tem como objetivo a criação de textos (crônicas, contos, poesias, relatos pessoais etc) em cima de temas predeterminados mensalmente. Um dos temas de novembro é OPOSTOS.

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O Menino, as Cores e o Mundo

 

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Imagem retirada do site: mensagens e reflexões

Aqui estava eu em mais uma das inúmeras madrugadas cariocas pensando em amigos meus, um em especial, quando vi, já tinha escrito o texto…

Existia no mundo um menino que enxergava tudo em preto e branco, isso não o tornava triste, não, as cores para ele eram sentimentos, então seu mundo era colorido com as cores mais intensas possíveis.

O Azul sempre o remeteu a serenidade que ele tinha nos dias chuvosos, ele amava esses dias, ele corria para o lado de fora, entre a tempestade e todos os trovões, e ia observar a alegria das flores ao receber as gotas de chuva e a espontaneidade das crianças em pular as poças d’água, era como se isso causasse leves cosquinhas nele, ele sorria enquanto imaginava que aquelas cenas sem dúvida seriam embaladas pela cor azul…

Sorrisos azuis…, era assim que ele pintava seu mundo, com grandes e inesquecíveis sorrisos azuis, sorrisos repletos de prazeres simples e imateriais.

Os dias quentes o remetiam sempre ao amarelo, ele gostava de sorrir enquanto se sentava e apreciava os primeiros raios de sol encontrando sua pele, era quente, diferente, era como o beijo dos apaixonados casais, era como os seus beijos, os beijos que ganhava ao pé do ouvido nas madrugadas insanas, o amarelo era tão voraz quanto qualquer toque, era suave, íntimo, era um movimento bilateral. O amarelo no fundo era o encontro de corações, um grande abraço invisível que acontecia.

Ele vivia desses abraços intermináveis que pintavam seu mundo de amarelo.

O vermelho o remetia a doces, ele via o vermelho e sentia vontade de o devorar como se ele fosse feito de uma droga viciante, ele amava aquele doce, ele simplesmente mergulhava naquela sensação que o dava coragem de enfrentar qualquer coisa sem desistir. Ele corria, corria e corria com aqueles olhos tímidos, com aquele sorriso solto e devorava qualquer coisa que via na sua frente e o fizesse se sentir bem.

Ele amava aquela sensação de prazer, era como respirar, essencial para sua vida. O vermelho era seu prazer, e seu prazer era gritar para o Mundo que ele queria o descobrir, que ele queria o devorar…

Quando fechava os olhos e se perdia na imensidão que era seus sonhos, ele Imaginava o verde, e era como se perder no Mundo, era divertido imaginar que entre tantas cores a que se fazia mais presente era o verde, era como pular de um avião sem paraquedas, uma queda livre. O verde era aventura, uma aventura que invadia todos os órgãos do seu corpo, ele amava se sentir verde, se sentir parte de algo e lutar por esse algo tão livremente quanto qualquer pássaro na floresta, ele era verde por inteiro.

Ele era livre, e talvez por isso tantas vezes ele achou que não cabia no mundo… Talvez por isso ele tenha inventado tantas vezes seu próprio Mundo e o pintado de cores tão peculiares que nenhum outro alguém poderia as identificar…

Sabe quando você se sente o inventor do Mundo? Então quando o menino se sentia dessa forma ele se sentia abóbora. Se sentir abóbora era se sentir quente e doce, o menino sempre se sentia assim, quando inventava que era o rei do mundo. Ele corria por aí inventando de consertar corações quebrados, seus passos ágeis formavam quase uma orquestra, ele raramente se preparava para os tombos, mas… ele não se importava em cair, se isso fizesse os outros voltarem a sorrir.

Abobora não era uma cor tão legal assim, eram intermináveis os dias em que ele se sentia abobora e voltava para casa com o joelho ralado e o sorriso travesso no rosto, nesses dias tudo que ele precisava era a certeza de que suas ações tinham valido a pena, afinal quem liga para um joelho ralado no fim das contas?

Se sentir abobora sem dúvida era melhor do que se sentir violeta, entre todas as cores a que mais o remetia ao “preto e branco” era o violeta, ele gostava da cor apesar dela ser tão fria, tão fria quanto os dias tristes, ele sempre precisava de abraços nesses dias, ele gostava de se sentir quente e não frio… Sabe os dias violetas, eram os dias em que ele mais se sentia criança, hora estava agitado procurando por uma resposta impossível, hora estava procurando se sentir acolhido…

Os dias violetas eram dias chatos demais, cheiravam a saudade, a angustia e a medo, ele não gostava de sentir medo, mas era difícil compreender o menino, mesmo gostando tão pouco de Violeta ele ainda se sentia inspirado a ter coragem e a tingir esses dias com várias cores, as misturando e formando dias improveis possíveis.

É, ele realmente amava viver em um Mundo “preto e branco”, sua maneira de enxergar o mundo era algo único e talvez por isso ele enxergasse melhor do que qualquer outra pessoa…