Filme, Opinião, Preconceito, Racismo, silêncio

Forever

Créditos da imagem @disneystudiosbr

É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito é saber sonhar
Então, fazer valer a pena cada verso
Daquele poema sobre acreditar

(Ana Vilela)

Eu não sei vocês, mas eu me senti um tanto quanto impactada com a notícia da morte do ator Chadwick Boseman, aos 43 anos. Vocês já repararam que quando alguém morre nós falamos o nome e a idade da pessoa, como se saber a idade fosse uma desculpa para aceitar ou não a morte? Não importa se jovem ou velho aceitar a morte de alguém é uma tarefa arduamente difícil, nós nunca estamos preparados para enfrentarmos o “The end”.

Eu refleti a tarde inteira sobre como a morte de um desconhecido pode influir tanto sobre mim e não cheguei a conclusão alguma. Veja bem, Chadwick Boseman foi um ator, diretor, ativista, mas ele não era alguém que fazia parte do meu círculo social, mas ainda assim, eu senti a dor da sua perda, assim como muitas pessoas sentiram. Sempre que eu sinto essa dor por perder alguém que eu nem conheço, eu fico imaginando a dor da família.

Não existe “até amanhã” quando você perde alguém que você ama, alguém que você considera mais do que um número, um personagem ou uma representação ideológicas. Se eu senti, imagino como sentiram os seus.

Boseman, deu vida não só ao incógnito T’Challa Rei de Wakanda, personagem criado em 1966, mas também deu vida a inúmeros outros personagens em filmes como Crime sem saída (2019), Destacamento Blood (2020), Marshall: Igualdade e Justiça (2017), bem como outros que inspiravam tanto quanto T’Challa, Pantera Negra.

Spike Lee, que dirigiu o ator em Destacamento Blood, disse que “ninguém sabia” sobre o diagnóstico de Boseman, e que foi uma surpresa para ele também. Destacamento Blood foi gravado em 2019, Chadwick Boseman foi diagnosticado com câncer em 2016, logo assim que conseguiu o papel de T’Challa e eu não consigo parar de pensar em tudo que esse homem enfrentou, afinal um diagnóstico de câncer em estágio 3 demanda uma série de tratamentos que desgastam não só fisicamente mas como psicologicamente. Como ele conseguiu?

“Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás”

Não é tão difícil tentar entender os motivos dele não ter contado que estava doente. Imagina você receber um diagnóstico de algo que pode te matar e receber junto com isso o papel do primeiro herói negro no universo cinematográfico da Marvel. Como vocês reagiriam? Como vocês reagiriam sabendo o quão representativo era o seu trabalho para outrem? É triste, mas mais triste ainda é que quando olhamos novamente todas as aparições dele em cena e fora dela, percebemos que tudo foi calculado.

Em uma rápida pesquisa na rede, podemos encontrar uma matéria que faz referência a ele visitar hospitais com crianças com câncer e manter contato com elas, durante as gravações de Pantera Negra, elas queriam muito viver para assistir o filme, pois o herói negro as representava. Elas morreram antes do filme, acho que nunca saberemos como esse homem se sentiu ao longo desses quatro anos de tratamento.

Boseman representou a luta por igualdades raciais, era inspirador e como ele bem disse em um discurso, ele foi “jovem, talentoso e negro” e imortalizou isso no filme Pantera Negra:

“Todos nós sabemos o que é ouvir que não há um lugar para você ser apresentado. No entanto, você é jovem, talentoso e negro. Nós sabemos o que é ouvir que não há uma tela para você ser apresentado, um palco para você ser apresentado. Nós sabemos o que é ser a cauda e não a cabeça. Nós sabemos o que é estar por baixo e não por cima.” – Discurso de Chadwick Boseman na noite do SAG Awards.

“É saber se sentir infinito
Num universo tão vasto e bonito é saber sonhar
Então, fazer valer a pena cada verso
Daquele poema sobre acreditar”

Eu acho que viver personagens foi a sua forma de se fazer imortal e de permanecer vivo, “wakanda forever”, ele viveu intensamente cada um dos seus personagens desde 2016, deixou sua marca, seus gestos e ideais gravados para sempre em seus personagens, ele se fez imortal, poucas pessoas sabiam que ele estava doente e talvez se os produtores soubessem ele teria sido impedido de se sentir vivo, de fazer o que amava fazer, ele seria impedido de acreditar, de acreditar na vida e no amanhã.

Chadwick Boseman inspirou milhares de pessoas com seus discursos, com sua atuação, com seus posicionamentos, agora sabemos porque suas palavras tinham tanta paixão, porque suas ações tinham tanto direcionamento. Sim, ele viveu intensamente cada instante de sua vida e fez isso propositalmente para que lembrássemos dele assim dessa forma.

Eu nunca lidei muito bem com a morte, nem sei se um dia saberei lidar, mas eu entendo que Boseman preferiu se tornar imortal à ser lembrado como o jovem ator negro que foi impedido pela doença de fazer o que amava. Quando iniciei esse texto citei a música “Trem Bala” , eu fiquei com a letra dessa música o dia inteiro na cabeça, essa música fala de sonhos, acreditar e viver, essa musica me remeteu a Chadwick Boseman que sempre estava sorrindo em suas fotos e falando muito com seus olhos, que sempre estava emocionado e que sempre expressava através de sua arte o seu amor pela vida.

“Segura teu filho no colo
Sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala, parceiro
E a gente é só passageiro prestes a partir”

Gratidão Chadwick Boseman por ter sido inspiração em todos os seus dias, por sua luta para se tornar imortal, por seu amor pela vida e por todas as suas palavras.


Música utilizada, Trem Bala de autoria de Ana Vilela disponível em:


Fontes para o texto:

https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/29/chadwick-boseman-conversou-com-criancas-com-cancer-durante-pantera-negra.htm

https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/29/amigo-divulga-chat-com-boseman-ele-sabia-quao-precioso-era-cada-momento.htm

https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/29/chadwick-boseman-gravou-pantera-negra-apos-o-diagnostico-de-cancer.htm

https://www.terra.com.br/diversao/gente/ninguem-sabia-diz-spike-lee-sobre-chadwick-boseman,e545a6dee008fc3185ac21f40b08c849wejim29h.html

portalrapmais.com – portalrapmais.com/discurso-inspirador-de-chadwick-boseman-sobre-serjovem-talentoso-e-negro-viraliza-na-internet-apos-sua-morte/

Crônica, Filme, Opinião, Sem categoria

O Ponto, a Vírgula e o Mundo…

O menino e o mundo.jpg
Imagem do Filme: O Menino e o Mundo/ Alê Abreu

Estava aqui pensando a respeito das coisas que nunca termino…

Hoje tentei pela enésima vez assistir ao filme “o Menino e o Mundo”, traz uma narrativa linda, uma animação rica em detalhes, um filme lúdico que faz uma crítica ao sistema capitalista. Como já tinha dito, eu tentei, não consegui terminar de assistir a tudo, quando eu enfim terminar de me deliciar eu prometo, faço uma das resenhas loucas para o blog.

Já que o assunto são os “pontos finais”, o “terminar algo”, me pergunto os motivos de diversas vezes mergulharmos na realização de algo, mas no meio do caminho desistirmos? Será que a pedra que encontramos era grande e pesada demais ou a nossa vontade de fazer essa determinada coisa era pequena, tão pequena que nem nos importamos com a maldita pedra no meio do caminho, apenas damos meia volta e desistimos?

Detesto desistir de tentar levantar essas pedras, é claro, como devem ter percebido algumas vezes a preguiça vence e eu desisto, mas no geral acho que devemos tentar ultrapassar, pular, escalar essa pedra nem que necessitemos pedir ajuda, afinal de contas nem tudo conseguimos realizar sozinho.

Na vida tudo tem sempre uma dose de periculosidade, devo alertar que quando se trata de “pedras no caminho” essa periculosidade é algo em um nível bem alto, arrisque-se, mas seja cauteloso, não tenha medo, mas cuidado para os destroços dessa pedra não causarem danos irreparáveis em você e em outros.

Escrevendo e pensando nisso, a uns dois meses atrás eu escrevi um texto para um amigo meu, ele é 4 anos, 3 meses e 1 dia mais novo que eu, a vantagem dos amigos mais novos é que eles se tornam irmãos mais novos, segue o texto espero que gostem:

O menino que morava entre um ponto e a vírgula

Havia um menino que morava nas entrelinhas do Mundo,

Tinha uma casa entre a cidade do ponto e a da vírgula.

Morava na cidade dos parágrafos, onde os assuntos intermináveis surgiam.

Ele se perdia sempre entre todas aquelas palavras, que só pareciam aumentar…

Ele as escrevia,

Ele as escrevia como quem respirava,

Ele não sabia não parar de escrever,

Era uma compulsão, uma necessidade,

As palavras que criava, recriava e transbordava entre todas aquelas linhas, pareciam não ter fim,

Ele nunca entendeu a ousadia de um ponto ser continuativo,

Ele preferia as vírgulas, elas não deixavam seus assuntos terem fim.

Sua escrita era seu combustível, seu ar, ela o movia,

Os olhos pequenos corriam por todos os cantos,

Ele buscava a cada instante novas descobertas,

Novas palavras, sonhos, aventuras.

Ele as buscava em todos os cantos e as encontrava tão facilmente que era fácil se questionar, se eram elas quem o encontrava.

Ele não gostava muito de falar…

A grande verdade é que se ele falasse tudo que escrevia, ele iria se perder entre tantas linhas e palavras.

Ele preferia não falar,

Ele preferia pensar nas respostas longas escondidas nas entrelinhas das suas curtas frases.

Escrever era muito melhor,

Ele não precisava ser ele, podia ser outro, inventar outros…

Escrever para ele era tão natural quanto as tempestades no verão,

Ele dançava com as palavras em ritmos tão diversos que era impossível não dizer o quão bom dançarino ele era.

Ele escrevia em todos os cantos mesmo sem papel ou caneta,

Ele escreveu nas paredes abandonadas,

Escreveu nos corações desconhecidos,

Escreveu em lugares que ele nunca foi…

Ele escrevia tanto que se transformava em personagem,

Se perdia nas linhas, se transbordava ali, entre os pontos e vírgulas.

Entre o final e o recomeço…

Por Juliana M.

Para: Michael Rios.

 

 

Feminismo, Filme, Filmes, Homofobia, Preconceito, Resenha, X-MEM

Uma louca analise de X-MEN Apocalipse

xmenapocalypseimaxAssistir X-MEN é sempre interessante, você nunca sabe o que te espera, eu prefiro começar esse texto não sabendo sobre como vou falar do filme. Começo dizendo que essa não era a minha primeira opção, mas a sala que exibiria Warcraft estava quebrada então X-MEN era o que tinha para hoje.

Vou dizer que o filme acabou me fazendo refletir mais sobre como as pessoas são hipócritas do que com o próprio filme, explicarei os motivos que me levaram a essa conclusão em instantes, para não tirar o foco da crítica, aliás se tiver com dinheiro sobrando não assista em 3D principalmente se for no Cinesystem do Shopping Via Brasil no RJ. Aliás essa rede de cinema possui ótimas promoções aproveitem, principalmente com a pessoa amada.

Por falar em pessoa amada, estamos a quatro dias do “Dia dos Namorados” e tinha um casal que iria assistir X-men na mesma sala que eu, e o que tem de anormal nisso? O casal não segurava nas mãos, apenas conversavam juntos, alguns sorrisos, brincadeiras, conversas nerdes sobre o enredo dos outros filmes de heróis que estreariam, mas nada de beijos e nem relação de afeto. Isso é muito estranho!

Imaginem-se nessa situação, você ir assistir um filme que fala basicamente sobre  Lutas contra qualquer tipo de preconceito existente no Mundo e você não poder demonstrar amor com uma pessoa por ela ser do mesmo sexo que você. Realmente é de se dá um nó em qualquer garganta.

A bilheteria de X-MEN alcança milhões de pessoas assim como as Hqs e séries animadas, mas as pessoas ironicamente são impedidas pelos mesmos fãs de demonstrar seu amor em público, de dizer um “eu te amo” de abraçar e se beijar, os dois meninos, que sentaram na mesma fileira que eu e meu irmão acabaram por finalmente se renderem ao amor, no escuro, longe dos olhos julgadores e inquisitórios, seria irônico se não estivéssemos a 53 anos do primeiro lançamento de X-MEN, as pessoas ainda são obrigadas a se esconderem em máscaras para não serem julgadas e condenadas a exclusão por outros que as veem diferentes.

Vamos ao filme meu povo!

Para os amantes de efeitos especiais a FOX não fez lá um trabalho grandioso nível Disney, mas deu para o gasto, o roteiro ao contrário do que eu pensava que seria foi bem elaborado, o que não significa que existiu sentido nele, já que se quebrou completamente a ordem cronológica da história, e se você for um amante da série tanto quanto eu, abstraia de sua mente tudo que sabe e conheceu sobre os X-MEN, sente na cadeira e assista, apenas assista e procure os símbolos comunistas embutidos pelo filme! Sim, possuem muitos, incluindo frases! Aproveite e procure também Stan Lee, quem sabe ele te convoca para a escola de Superdotados!

Alguém que vocês não devem procurar nesse filme é Wolverine, vocês só vão conseguir encontrar Logan e uma breve referência aos dias de seu passado antes de encontrar o professor Xavier.

Aos fãs que tinham alguma ilusão de vestígios da história original do Apocalipse, ou para os íntimos, En Sabah Nur, percam a esperança, não rolou as explicações esperadas para o viajante no tempo convertido em faraó, vulgo mentor de Nur, e muito menos para as primeiras manifestações de poderes do mutante, ao menos deixaram um vestígio de traição, mas sem o traidor.

Aos que sempre se perguntaram como Charles finalmente perderia os cabelos? Eles deram um jeito, no filme existiu um sentido não se preocupe, mas que passou bem longe da história original (a calvície do professor X nada mais é que, consequência de seus poderes). Mas nem só de cabelo vive nosso professor depressivo, Moira também estava presente nessa guerra, sem memória, com um filho e divorciada… ao menos no filme ela não deu “Adeus Charles, preciso de alguém como eu”.

Moira pode até preferir os carecas, mas eu curto os barbudos, nosso amado irlandês Michael Fassbender, o Magneto, agora é pai de família, amoroso e dedicado. (Roteiristas são tão criativos!) Infelizmente sabemos que a vida de Magneto não é fácil e não importa a merda que ele faça você vai querer o abraçar no final.

Já falei dos carecas, barbudos, falta os cabeludos, Alex Summers, o erro vivo (ou não) em continuidade, o Destrutor deveria ser o irmão mais novo de Scott e não o mais velho, mas veja pelo lado positivo o rapaz continua divinamente no vinho, mesmo após dez anos.

Mas se não curtir nenhum desses podem tentar o azuzinho, Noturno, aquela coisinha fofa filho da Mística, aliás isso fica subentendido, é aos que não conhecem a origem de Noturno (e gostaram do que foi dito no filme), não tentem conhecer porque vai bugar o celebro, roteiristas são pessoas malignas com papel e caneta na mão…

Falando em Mística, o que falar da Bela Raven Darkholme, (a personagem é tão maravilhosa quanto a atriz) nossa terrorista preferida que sempre salva o Mundo, seria interessante um filme que contasse a história dela, aliás Raven é Bi e isso explica o futuro envolvimento dela e da Tempestade que ficou subentendido nas cenas finais do filme, isso sim vai ser maneiro.

Se você é Fã da Ororo Munroe, vai ficar feliz, das histórias contadas a que mais coincide com os fatos mencionados na Hq é a dela, já que você verá muitas fases de Tempestade em um único filme, mostrando o quão ruim é a cronologia desse troço, então não se anime muito, só o suficiente para não chorar de raiva ao perceber os erros básicos que qualquer fã descobriria. Dica do dia foque em Nur a chamando de Deusa e fique muito feliz.

Super topo um filme dela com Pantera Negra!!!

Sabem o que eu gostei nesse filme além das mensagens de Comunismo e das mensagens de “seja você mesmo independente do que os outros pensam”? Eu gostei do protagonismo feminino! Tirando Mercúrio fruto de uma rapidinha do Magneto, todas as ações positivas do filme decorrem graças as heroínas e vilãs. O ideal de mulher é a Mística azul, que salvou humanos e mutantes, aquela que Raven tenta sempre esconder.

Mas falando sério agora, tirando “Dias de Um Futuro Esquecido” nenhum desses filmes de fato deveriam fazer parte da franquia, eles não seguem cronologia e muito menos o enredo das histórias originais, sinceramente eu acho desrespeitoso com os fãs que de certa forma cresceram lendo essas Hqs e aprendendo com elas. A impressão que dá é que eles jogam os personagens lucrativos nas histórias, capricham no surrealismo para justificar o gasto nos efeitos especiais.

Agora fiquei até com vontade de falar sobre os X-men! Aguardem!

*AH!!!! Se a pergunta que paira em sua cabeça é se esse filme faz sentido sem os outro? Sim faz sentido, não se sinta obrigado a assistir aos anteriores, porque esse roteiro é praticamente independente, ele possui sentido mesmo não tendo sentido. Mas se quiser assistir, assista aos dois últimos, principalmente ”Dias de Um Futuro Esquecido”.

* Aos que ficaram curiosos recomendo que procure por, “A era do Apocalipse”, vai te deixar com vontade de chorar quando se lembrar do filme, e olha que essa é a aparição dele no Universo Alternativo.