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Meu silêncio: Carta Aberta…

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Imagem Retirada do site: Cardápio Pedagógico

Escrevo uma carta aberta aos meus inevitáveis amigos, vítimas do meu silêncio…

Conservei-me no meu silêncio.

Eu quero ser egoísta, eu tenho esse direito, necessito me compreender antes de poder te entender.

Me desculpe por não te ouvir chorar, por não te perguntar coisas necessárias, me desculpa por simplesmente sumir sem avisar.

Me desculpe por não ter perguntado, como foi o início, o meio e o fim de toda essa história em que você se meteu e se perdeu em cada linha, espero que você também tenha se encontrado nesse livro chamado vida.

Eu me preocupo, mesmo no meu silêncio eu continuo me preocupando…

Reservei a mim esse direito tão inquietante de querer também me encontrar…

Acho que que fui egoísta demais, peço desculpas.

Admito que meu silencio esmagador deixou a mim mesma machucada.

Em minha defesa te digo que também precisava gritar, precisava colocar para fora tudo que sentia, eu precisava entender o que eu sentia e porque esse sentimento me machucava tanto.

Não, a culpa jamais será sua.

Não sou tão idiota a ponto de dizer que a culpa é sua, é que as vezes ouvir os outros pode te fazer sentir a pessoa mais solitária do mundo.

Ouvir o outro muitas vezes é me encontrar sem palavras, é me fazer no silêncio…

Não que eu não saiba que você gosta de mim, é só que é como se o mundo todo não te ouvisse como eu o ouço.

Era um sentimento ruim,

Uma dor bem grande para uma moça de medidas bem mediana aguentar sozinha. Então eu precisava me livrar dela antes que eu me machucasse tentando resolver seus problemas, quando não consigo resolver nem os meus mesmos.

Não que eu não pudesse, não que eu não tenha tentado, mas eu não consegui…

Em determinados momentos eu criava a ilusão que eu via sua vida da janela do meu quarto, não você não estava ali, tão pouco tão perto, mas era assim que eu comecei a enxergar, era a sua vida e não a minha, eu era uma telespectadora que ansiava por cada capítulo e me desesperava quando não conseguia te fazer enxergar seus erros.

Era realmente uma derrota, passava horas conversando para no fim você fazer a mesma coisa.

Sabe quantas vezes me travesti de sua irmã mais velha? Eu também não sei, não se preocupe é algo muito irracional para se contar.

Eu não me importo de ser sua irmã mais velha, eu sou a irmã mais velha de muita gente, por motivos óbvios.

Psicologicamente eu tenho algo de errado, esse algo de errado me faz querer proteger as pessoas até mesmo delas próprias, isso não é tão legal assim quando esquecemos que a vida não é nossa, que não podemos impedir os erros, nem prever os acertos e tudo que podemos e devemos fazer é ouvir e abraçar.

Eu não me importo, nunca me importei mesmo que por vezes eu me questionasse se eu era apenas isso, uma válvula de escape, um alguém com quem você desabafa. Mesmo que eu fosse apenas isso, eu ainda não seria apenas isso, não para mim, eu ainda seria sua irmã mais velha cheia dos inevitáveis erros e indecifráveis questionamentos internos.

Eu ainda me preocupo se as pessoas te machucam, ou se você realmente acha que não merece o amor, eu ainda penso que estamos um tanto quanto longe para eu poder te abraçar e te dizer no fim de tudo que “tudo ficará bem”, eu ainda me transporto mentalmente e me coloco em seu lugar, eu sei o quão difícil são algumas dores e por isso minha própria dor teima em me dizer que estava errada eu não devia ter me afastado.

Não se deve afastar os problemas,

Não se deve negar os erros,

Não se deve desistir por cair,

Não se deve afastar de quem se ama.

Inevitavelmente eu amo cada sorriso inesperado que você dá e cada vitória no meio do furacão.

Eu ainda vou me questionar se eu sou apenas uma bolha, uma voz, ou um abraço que você procura, vou me questionar isso dezenas de vezes ao mesmo tempo em que me questiono o motivo de estarmos tão longe.

Possivelmente te mandarei a conta do meu analista, afinal eu tenho meus muitos problemas internos, e a frase “procure um psicólogo” que eu vivo te falando faz muito sentido na minha vida ultimamente.

Att.: Juliana Marques.