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O Ponto, a Vírgula e o Mundo…

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Imagem do Filme: O Menino e o Mundo/ Alê Abreu

Estava aqui pensando a respeito das coisas que nunca termino…

Hoje tentei pela enésima vez assistir ao filme “o Menino e o Mundo”, traz uma narrativa linda, uma animação rica em detalhes, um filme lúdico que faz uma crítica ao sistema capitalista. Como já tinha dito, eu tentei, não consegui terminar de assistir a tudo, quando eu enfim terminar de me deliciar eu prometo, faço uma das resenhas loucas para o blog.

Já que o assunto são os “pontos finais”, o “terminar algo”, me pergunto os motivos de diversas vezes mergulharmos na realização de algo, mas no meio do caminho desistirmos? Será que a pedra que encontramos era grande e pesada demais ou a nossa vontade de fazer essa determinada coisa era pequena, tão pequena que nem nos importamos com a maldita pedra no meio do caminho, apenas damos meia volta e desistimos?

Detesto desistir de tentar levantar essas pedras, é claro, como devem ter percebido algumas vezes a preguiça vence e eu desisto, mas no geral acho que devemos tentar ultrapassar, pular, escalar essa pedra nem que necessitemos pedir ajuda, afinal de contas nem tudo conseguimos realizar sozinho.

Na vida tudo tem sempre uma dose de periculosidade, devo alertar que quando se trata de “pedras no caminho” essa periculosidade é algo em um nível bem alto, arrisque-se, mas seja cauteloso, não tenha medo, mas cuidado para os destroços dessa pedra não causarem danos irreparáveis em você e em outros.

Escrevendo e pensando nisso, a uns dois meses atrás eu escrevi um texto para um amigo meu, ele é 4 anos, 3 meses e 1 dia mais novo que eu, a vantagem dos amigos mais novos é que eles se tornam irmãos mais novos, segue o texto espero que gostem:

O menino que morava entre um ponto e a vírgula

Havia um menino que morava nas entrelinhas do Mundo,

Tinha uma casa entre a cidade do ponto e a da vírgula.

Morava na cidade dos parágrafos, onde os assuntos intermináveis surgiam.

Ele se perdia sempre entre todas aquelas palavras, que só pareciam aumentar…

Ele as escrevia,

Ele as escrevia como quem respirava,

Ele não sabia não parar de escrever,

Era uma compulsão, uma necessidade,

As palavras que criava, recriava e transbordava entre todas aquelas linhas, pareciam não ter fim,

Ele nunca entendeu a ousadia de um ponto ser continuativo,

Ele preferia as vírgulas, elas não deixavam seus assuntos terem fim.

Sua escrita era seu combustível, seu ar, ela o movia,

Os olhos pequenos corriam por todos os cantos,

Ele buscava a cada instante novas descobertas,

Novas palavras, sonhos, aventuras.

Ele as buscava em todos os cantos e as encontrava tão facilmente que era fácil se questionar, se eram elas quem o encontrava.

Ele não gostava muito de falar…

A grande verdade é que se ele falasse tudo que escrevia, ele iria se perder entre tantas linhas e palavras.

Ele preferia não falar,

Ele preferia pensar nas respostas longas escondidas nas entrelinhas das suas curtas frases.

Escrever era muito melhor,

Ele não precisava ser ele, podia ser outro, inventar outros…

Escrever para ele era tão natural quanto as tempestades no verão,

Ele dançava com as palavras em ritmos tão diversos que era impossível não dizer o quão bom dançarino ele era.

Ele escrevia em todos os cantos mesmo sem papel ou caneta,

Ele escreveu nas paredes abandonadas,

Escreveu nos corações desconhecidos,

Escreveu em lugares que ele nunca foi…

Ele escrevia tanto que se transformava em personagem,

Se perdia nas linhas, se transbordava ali, entre os pontos e vírgulas.

Entre o final e o recomeço…

Por Juliana M.

Para: Michael Rios.

 

 

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